26.11.08

Suposições e dominós.


Geralmente não costumo parar pra refletir sobre meus "hábitos". Pra início de conversa, não sei nem se os tenho. Caso tenha, seriam hábitos, manias ou costumes? Aliás, qual a diferença entre hábito, mania e costume?
Eu arriscaria dizer que hábitos são menos 'compulsivos', mais controláveis, de certa maneira voluntários, são uma espécie de costume, suscetíveis a mudanças repentinas de acordo com o humor do indivíduo em questão. Hábitos são menos automáticos, enquanto manias estão mais associadas a compulsividades e 'involuntariedades'.
Não sei se são manias ou hábitos, talvez sejam os dois, mas tenho alguns tipos de 'TOCs psicológicos' que vêm desde os 13 anos.
Provavelmente não seja nada peculiar, certamente todo ser dotado de massa encefálica e capacidade de raciocínio já se viu embaraçado nessas idéias várias vezes na vida. Em certos momentos, isso até me incomodou.
'ISSO' é, como posso explicar, pensar metalinguisticamente (esse foi o primeiro termo que me passou pela cabeça) em situações do tipo: quantas pessoas, nesse momento, estão pensando em quantas pessoas estariam pensando dessa forma que eu estou pensando?
A chance de você estar me achando demente é relativamente alta. 'ISSO' chega a envolver matemática e eu não sei lidar bem com probabilidades; portanto, simplificando: Quantas pessoas, nesse momento, estão pensando em algo parecido ao que eu estou pensando?
Ainda, quantas pessoas, nesse momento, estão sentadas numa cadeira escrevendo algo pouco útil ao desenvolvimento intelectual de qualquer interlocutor e assumindo presunçosamente que alguém vá se interessar a compartilhar esse raciocínio?
Tá ... um exemplo mais simplório ainda: Quantas pessoas, nesse momento, estão ... vamos ver... SOLTANDO UM PUM!
Confesso que fiquei levemente aliviada depois de assistir Amelie Poulan e constatar que não sou a única demente a imaginar coisas tão fantasiosas e nonsenses. Afinal, pra quê alguém tem que pensar nisso? Que tipo de conhecimento seria agregado se uma fonte confiável de informação me respondesse: Maria Teresa Marques Santos, nesse exato momento, às 3:45:25 da manhã de terça feira do dia quatro de novembro de dois mil e oito, trezentas mil, novecentas e setenta e oito pessoas ao longo do planeta terra emitem gases estupidamente fedidos na atmosfera.
Fugindo um pouco da questão metalinguística para dementes, tenho que assumir outros tipos de TOCs psicológicos. Esse eu acho menos peculiar ainda. Dias atrás eu estava conversando com a Camila e pudemos então confessar intimidades características de mentes desatinadas. É algo tipo "Show de Truman" ... de achar que o mundo todo é uma montagem, uma "pegadinha" e, vc, o astro central.
Eu imaginava (lá pelos meus 13 anos) que era 'tudo de mentirinha', acreditava que sempre que fechava os olhos ou virava as costas, tudo sumia. Várias vezes até tentei "burlar o esquema" - fechava e abria os olhos rapidamente ou virava de costas inesperadamente para "pegá-los desprevenidos". Mas eles eram realmente ágeis e bem organizados, pensava eu, em minha pouco modesta imaginação.
Qualquer um associaria isso a egocentrismo, são pressuposições até egoístas (imagina, tudo existindo só pra "me testar"), no entando eu arrisco a dizer que está mais pra mania de perseguição.
Então ... admito que já perdi ( perdi?) horas da minha vida imaginando situações do gênero e refletindo sobre inúmeras outras do tipo "coincidência ou não?" E se... e se... são tantos E se!
... e se for pra pensar no dia em que apareceu, inesperadamente, aquela pessoa que influenciaria tão profundamente sua vida, sua rotina, suas atitudes e suas prioridades. Aquele filme, que despertaria sua sensibilidade para aquela questão que vivia martelando sua consciência; aquela música que, naquele momento, parecia entender tudo o que se passava com seu espírito.
Você já parou pra pensar em o que teria sido diferente na sua vida caso você não tivesse perdido o ônibus naquela manhã rotineira de terça feira? ... e se vc tivesse deixado o sono falar mais alto e deixado de assistir aquela aula de sociologia que mudaria radicalmente o seu ponto de vista sobre questões de importância fundamental?
Dois filmes cujo enredo tem algo relacionado a essas suposições são 'Efeito borboleta' e 'O som do trovão'. Se te interessa, assista. Tbm vale a pena perder 2 horas assistindo 'Corrente do bem'. A idéia comum em todos eles é relacionada ao que chamam de "Efeito dominó" - o simples bater de asas de uma borboleta no oriente, pode gerar uma inundação no ocidente.
É muito irônico, isso sim ... pensar que, talvez, a pessoa sentada ao seu lado no metrô tem a resposta pra aquela pergunta que solucionaria um de seus grandes dilemas, mas por falta de oportunidade e comunicação, isso se perde.
Há uma teoria que diz que entre você e qualquer outro ser humano a distância é de, no máximo, 6 pessoas. Não sei se acredito, mas pensar nessa possibilidade me deixa no mínimo inquieta. As vezes acho que todos nós temos 'clones naturais' espalhados por aí mas, por questões talvez geográficas, nunca vamos os encontrar.
Uma coisa é certa, entre céu e terra existem muito mais variáveis do que supõe nossa vã lucidez.

1 comentários:

Eduardo Pagliaroni disse...

Antes de ver Amelie Polain eu tbm me sentia manias esquisitas esclusivas. Entre elas sentir texturas de coisas e fazer perguntas tipo "Quantas pessoas estão ouvindo a mesma música do que eu nesse momento" ou "quantos "objetos" desse existem no mundo?

A internet me aproxima de pessoas que me fazem crer que ninguém e normal de perto hahaah