5.10.11

O poeta


Eu vejo Deus na melodia da chuva de encontro à rocha. No cheiro de vida da terra molhada. Na sintonia da via láctea e na grandiosidade do universo.

Eu sinto Deus no calor temperado do sol nascente e na poética encantadora do sol poente. Nas memórias doces que persistem apesar do distanciamento do tempo. Na esperança que prevalece a despeito das condições.
Eu imagino Deus como fonte de inspiração, como parceria incondicional, relação que prevê escolhas e consequências. Sereno, manso, pouco invasivo e, curiosamente, vívido e potente.
Eu aprecio Deus na linguagem universal da música, na beleza da diversidade e no propósito da vida.
A expressão de sua falta, todavia, é o que já estamos cansados de tolerar.


"Um dia uma folha me bateu nos cílios.
Achei Deus de uma grande delicadeza"
 Clarice Lispector