30.5.09

Enfim 23!



Here I am to worship,
Here I am to bow down,
Here I am to say that You're my God
You're altogether lovely
Altogether worthy,
Altogether wonderful to me

Your beauty has already made this heart adore You.


Feliz, feliz, feliz!

18.5.09

Deixe-me traduzir.

   Toda profissão tem seus encantos e desencantos, prazeres e desprazeres, gostos e desgostos, em suma, it all comes with the territory, e os estereótipos são pródigos quando o assunto é marginalizar umas e superestimar outras.
   Por que estigmatizar, por exemplo, um músico? Por quê o cara obrigatoriamente tem que ser um vagabundo fanfarrão? Enquanto ele tá estourando os dedos naquele contra-baixo rígido ou rasgando a garganta pra caracterizar ao máximo a voz de McCartney em um cover de "Helter skelter" vc está com a sua turma tomando umas e flertando a loira gostosa da mesa ao lado.

   Aos apressados de plantão, tenho consciência de que generalizações nem sempre vêm ao caso. O que eu quero dizer é que existe sim uma tendência social a estigmatizar certas profissões e a vangloriar outras.
   Apesar da minha indignação ter caráter geral, vou me deter a opinar ao que diz respeito à minha profissão em potencial.
   Isso não deveria mais acontecer, mas até hoje ainda me surpreendo com tamanha ingenuidade e ingratidão difundidas na sociedade ao que diz respeito à arte de traduzir e de interpretar. Na verdade, meu descontentamento tem origem lá atrás, com os primeiros estudos de tradução.
   Começa com o jogo de palavras surrado de (des)caracterização da tradução que diz que "Traduzir é trair" (do trocadilho italiano 'traduttori-traditori'), passa pela asserção de que o tradutor é um plagiário que pratica a única forma legítima de plágio, chega à comparação arrogante de que a tradução é como as mulheres: quando fiéis, não são bonitas; e quando bonitas, não são fiéis, e atinge seu estopim com a discussão acerca da possibilidade ou não de tradução poética.
   Admito que meu dom não está pra ser gasto com poesias, mas daí a assumir que a discrepância entre o original e a tradução é forte o suficiente pra desqualificar a poesia é assumir acentuada ignorância acerca da arte poética.
   Desde quando a arte literária é linear? Mesmo um texto em português não vai, de forma alguma, provocar efeitos de sentido iguais a interlocutores mesmo que falantes da mesma língua.
Por quê exigir isso de uma tradução? A graça está exatamente nessas diversas possibilidades de repercussão e impacto emocional.
   Um certo Heine disse uma vez que traduzir poesia era empalhar os raios do sol. Como resposta, pergunto o mesmo que Renato Poggiolo: por acaso fazer poesia não é o mesmo?

   Diversas vezes amigos me pedem para "interpretar" músicas ao vivo, ali, na hora. A música está tocando e eles: Vai, o que tá falando?.. Tento 'transpor' a música e eles me olham com cara de "Tem certeza que é isso mesmo?"... minha vontade é de pedir que me expliquem o que Zé Ramalho quis dizer com "quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval, e isso explica porque o sexo é assunto popular".
   Não, nem a tradução muito menos a interpretação funcionam assim.
  A necessidade de tempo para coleta de dados e conhecimento prévio do assunto (especialmente tratando-se de tradução técnica) são imprescindíveis tanto a iniciantes quanto a profissionais calejados.
Quer um exemplo? ... peça à sua professora de inglês formada pela USP com mestrado na Oxford University e doutorado na Harvard pra verter "Mandacaru quando fulora na seca, é um sinal que a chuva chega no sertão".
   Posso garantir que ela vai engasgar e te pedir ao menos uns minutinhos.
  Esse um ano e meio estudando tradução me fez acordar para as inúmeras armadilhas frequentemente presentes onde menos se espera.
   As fontes de erros são inúmeras, isso por que as palavras não existem isoladamente, mas dentro de contextos, e o sentido depende dos demais elementos que compõem tal contexto. Vide as inúmeras construções possíveis com a palavra, hum, vamos ver...
MÃO: mão amiga, mão de vaca, contra-mão, dar uma mão, à mão livre, mão de obra, à mão, à mão armada, palma da mão, de mão cheia, mão aberta, mão de ferro, dar a última mão, passar a mão (roubar), etc.
   Vai tentar verter tudo isso pra outra língua!
   Há de se mencionar também as assombrosas expressões idiomáticas, essas sim dão dor de cabeça.
Kick the bucket, o famoso paradigma de alerta, não é bem chutar o balde (to give the hell), mas morrer, bater as botas, abotoar o paletó de madeira, esticar a canela, ir desta pra melhor.
Que tal "fazer das tripas coração", ou "dar uma cantada em alguém" ? Traduz para a sistemática sociedade chinesa o nosso "Jeitinho brasileiro".
E o "aos trancos e barrancos"? E quanto a "engolir sapo" e "ter sangue de barata" ?
Que tal "queimar o filme", "vir a calhar", "levar um tombo", "dar uma palinha", "passar a perna", ser uma "mala sem alça"?
E o nosso "jogo de cintura"?
E pra "fechar com chave de ouro", como é possível "falar pelos cotovelos"?
Que nada, vamos parar de "encher o saco" e "voltar às vacas frias".

   Tradução é muito mais que equivalência de palavras, está ligado a equivalência de sentido, de culturas, de hábitos, de humor, de ironia, de alusões. A dimensão e a profundidade são outras, e não é qualquer garotão bom de inglês que passou 15 dias na Disney que vai respeitar tal sensibilidade.
   São frequentes tais comentários dirigidos a ex-estudantes de intercâmbios: "Você não sabe inglês? Então, por que não vira tradutor? ... Deve ser bem fácil e dá um bom dinheirinho!", e, após viver quebrando a cabeça pra traduzir trocadilhos, analogias, metáforas e peculiaridades tipo a fala do Cebolinha em "Você telia colagem de bater em mim, Mônica?", sinto vontade de dar algumas explicações a esses desavisados muy amigos.
   Aliás, sinto vontade de desafiá-los a traduzir um provérbio básico tipo "birds of a feather flock together" ou "a rolling stone gathers no moss", a verter um trocadilho bem popular como "quem não arrisca não petisca" e a manter a essência do substantivo "Zé mané" em uma outra língua estrangeira.
   Para completar, seria legal intimar nosso buddy muito sabidão a transpor a alusão à serpente bíblica para os esquimós, que nunca viram uma cobra.
   Como traduzir a palavra inverno, que na mente de um carioca em nada se assemelha ao sentido provocado pelo seu equivalente em russo no espírito de um habitante de Leningrado?
   Há também de se convir que pobre nos Estados Unidos designa (ou designava!!!) uma pessoa que tem automóvel e recebe, a título de welfare, indenização equivalente ao salário de um professor universitário em certos estados da América do sul.
   Rio de janeiro significa uma coisa para o carioca que nela vive e trabalha, outra para o paulista que vai lá passar as suas férias, outra para o europeu que condensa nesse nome o seu sonho exótico.

   Uma língua é muito mais abrangente do que se imagina, e, apesar das frequentes apologias à aparente simplicidade do inglês (quando comparado a uma língua de complexa conjugação verbal como o português, por exemplo) fortifico minha idéia de que quanto mais se conhece o inglês, mais disposição há em admitir que essa língua é indiscutivelmente surpreendente e desafiadora.

   Nunca imaginei que, depois de quase 9 anos estudando inglês eu me depararia indo verificar o significado de spring no dicionário. Para minha surpresa, percebi que, naquele contexto, spring deveria ser traduzido como "origem", e não como primavera, como vem instantaneamente à cabeça. Outra vez me senti envergonhada tendo que ir verificar region no dicionário, dessa vez observei que região não era, nem de longe, a tradução adequada àquele contexto, mas sim "território" (apesar de territory existir).
   Dias atrás percebi que o adjetivo eggheaded, ao contrário do que se imagina (ao menos eu não gostaria de ser uma "cabeça de ovo") quer dizer intelectual.
   Percebi também que husbandry não tem nada a ver nem com husband nem com laundry, mas com agricultura e criação de gado.
   Outra vez quase pequei quando quis traduzir instintivamente "The toppling of Sadam Hussein" por "O auge de Sadam Hussein", quando, na verdade, toppling é exatamente o contrário do que se imagina - queda, derrocada.

   Pois é, há tempos ensaio vir aqui desabafar minhas indignações, e, agora, depois do descarrego, já me sinto mais aliviada.
   Não vou nem começar a falar sobre Interpretação, porque aí vão acabar me estereotipando as a insurgent.
    Pra finalizar, vai um texto genial que me rendeu bons argumentos.




OUR CRAZY LANGUAGE


If pro and con are opposites, is congress the opposite of progress?

English is the most widely used language in the history of our planet. One in every seven human beings can speak it. More than half of the world's books and three quarters of international mail are in English. Of all languages, English has the largest vocabulary - perhaps as many as two million words - and one of the noblest bodies of literature.
Nonetheless, let's face it: English is a crazy language. There is no egg in eggplant, neither pine nor apple in pineapple and no ham in a hamburguer.
English muffins weren't invented in England or French fries in France. Sweetmeats are candy, while sweetbreads which aren't sweet, are meat.
We take English for granted. But when we explore its paradoxes, we find that quicksand can work slowly, boxing rings are square, public bathrooms have no baths and a guinea pig is neither a pig nor from Guinea.
And why is it that a writer writes, but fingers don't fing, grocers don't groce, humdingers don't hum and hammers don't ham? If the plural of tooth is teeth, shouldn't the plural of booth be beeth? One goose, two geese - so one moose, two meese? One index, two indices - one Kleenex, two kleenices?
Sometimes I wonder if all English speakers should be commited to an asylum for the verbally insane. In what other language do people drive on a parkway and park in a driveway? Recite at a play and play at a recital? Ship by truck and send cargo by ship? Have noses that run and feet that smell?
You have to marvel at the unique lunacy of a language in which your house can burn up as it burns down, in which you fill in a form by filling it out and in which your alarm clock goes off by going on.
English was invented by people, not computers, and it reflects the creativity of the human race (which, of course, isn't really a race at all). That is why, when stars are out they are visible, but when the lights are out they are invisible. And why, when I wind up my watch I start it, but when I wind up this essay I end it.

   Pra finalizar, pede pro seu amigo, aquele que passou 15 dias na Disney e manja pra cara***, traduzir esse texto para o português.

7.5.09

When it rains, it pours


I can feel the night beginning.
Separate me from the living.
Understanding me,
After all I've seen.
Piecing every thought together,
Find the words to make me better.
If I only knew how to pull myself apart.

All that I'm living for,
All that I'm dying for,
All that I can't ignore alone at night.
All that I'm wanted for,
Although I wanted more.
Lock the last open door, my ghosts are gaining on me.

I believe that dreams are sacred.
Take my darkest fears and play them
Like a lullaby,
Like a reason why,
Like a play of my obsessions,
Make me understand the lesson,
So I'll find myself,
So I won't be lost again.

All that I'm living for,
All that I'm dying for,
All that I can't ignore alone at night.
All that I'm wanted for,
Although I wanted more.
Lock the last open door,
my ghosts are gaining on me.